Carta Anônima

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Caio Fernando Abreu

(...) e se estou em pé no ônibus solto um pouco as mãos daquela barra de ferro para meu corpo balançar como se estivesse a bordo de um navio ou de você. Fecho os olhos, faz tanto bem, você não sabe. Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. Caminho mais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. Não tenho tido muito tempo ultimamente, mas penso tanto em você que na hora de dormir vezemquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar. Clack! como se fosse verdade, um beijo.

Ana C.

sábado, 6 de dezembro de 2008

mereço (merecemos, meretrizes)
perdão (perdoai-nos, patres conscripti)
socorro (correi, valei-nos, santos perdidos)

Leminski

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Amar você é coisa de minutos
A morte é menos que teu beijo
Tão bom ser teu que sou
Eu a teus pés derramado
Pouco resta do que fui
De ti depende ser bom ou ruim
Serei o que achares conveniente
Serei para ti mais que um cão
Uma sombra que te aquece
Um deus que não esquece
Um servo que não diz não
Morto teu pai serei teu irmão
Direi os versos que quiseres
Esquecerei todas as mulheres
Serei tanto e tudo e todos
Vais ter nojo de eu ser isso
E estarei a teu serviço
Enquanto durar meu corpo
Enquanto me correr nas veias
O rio vermelho que se inflama
Ao ver teu rosto feito tocha
Serei teu rei teu pão tua coisa tua rocha
Sim, eu estarei aqui.

Caio F.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Está tudo planejado:
se amanhã o dia for cinzento,
se houver chuva
ou se houver vento,
se eu estiver cansado dessa antiga melancolia
cinza fria
sobre as coisas conhecidas
pela casa
a mesa posta e gasta
está tudo planejado
apago as luzes,
no escuro e abro o gás
de-fi-ni-ti-va-men-te
ou então visto minhas calças vermelhas
e procuro uma festa
onde possa dançar rock até cair

bang!!!

sábado, 30 de agosto de 2008


untitled #1

sábado, 23 de agosto de 2008

queria dias novos em xícaras de café
queria ar condicionado portátil
e um pôr-do-sol de sorriso largo.

mas antes um copo d'água por favor!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

subo bem alto
cruzo os dedos
todo esse ar
todos
o coração diZ-para.

para Nil. - e um brinde ao nosso café sagrado!

terça-feira, 22 de julho de 2008

Amiga,
os dedos estão calejados desse saber-não-saber dos ouvidos da língua e do coração
a carta é curta
é só pra dizer que dividimos o mesmo carma, o mesmo signo e essa mesma mania boba de ver lágrima em tudo
e rir!

sempre...

quarta-feira, 9 de julho de 2008

foi então que fechei a porta, ou melhor, uma parte de mim fechou a porta, porque a outra parte ficou presa entre as espessas camadas de madeira que formam a porta. Acho que é sempre assim, fica-se um pouco em cada porta que se fecha... e em cada esquina que se vira e em cada mão que insinua um adeus. E é sempre esse ficar em folhas de madeira, esquinas e pessoas que se vão... é sempre esse ficar. Até sobrar apenas essa colcha de retalhos multi-colorida, essa que chamamos de "lembrança", que não serve pra aquecer..., muito pelo contrário. Bem..., mas tudo isso é bobagem, o que eu quero mesmo dizer é que foi então que fechei a porta e coloquei-me numa de andar sem rumo.

Entre umas e outras

segunda-feira, 7 de julho de 2008

filme e batata frita
cama e computador
Smiths e Lispector
poeira e banho gelado
lembrar e esquecer
"lixo e purpurina"

agora entendo Nietzsche.